Há uma revolta ruminando como uma espécie de abalo sísmico no chão da pátria nesse instante; uma revolta que impulsiona a nação rumo a uma revolução de costumes, de atitudes. Uma revolta que de espírito desarmado, mas com uma ducha fria o bastante para apagar a velha chama dos adoradores deuses de pés de barro e de pernicioso fogo de palha.
As pessoas de bem que não perderam a capacidade de indignação, de voz rouca varrida das ruas, pela ação mercenária dos Black Blocs e pela pronta reação do governo que bota os coturnos e chama a cavalaria e manda as Forças Armadas prender e arrebentar, já começam a fazer a reforma que o País precisa.
É a revolução pacífica, ordeira, rumo à retomada do domínio dos organismos de defesa da cidadania tomados de assalto pelo poder dominante que, a golpes de borracha apagam trechos das leis; que a rabiscos de caneta a três pancadas os transforma em aparelhos do governo que não governa, manda e desmanda, faz e acontece.
Há uma revolução intestina, ordeira que vem por aí; uma revolução surda, inteligente, efetiva que desvia de tacões e de blackbostas que entulham o caminho da democracia, hoje um reles instrumento de reforço ao domínio que arrepia as leis.
Uma revolução social que afasta de seu trajeto quem põe a Constituição a serviço dos poderosos que, um dia saídos das agruras populares, agora constituem a vingativa elite dominante que faz gato e sapato da nação brasileira.
Esse tipo de insurgência civil e civilizada já tirou o PT, a CUT, os sindicatos pelegos da Funcef - Fundação dos Economiários Federais - terceiro maior fundo previdenciário do País; esse tipo de insurreição organizada e desarmada já defenestrou o mesmo PT e os mesmos cabos-eleitorais terceirizados do Previ - a poderosa Caixa Previdenciária dos Funcionários do Banco do Brasil.
E assim há de continuar paulatinamente essa reforma social que o governo não sabe e não quer fazer. Isso pode começar a acontecer em todo o universo das organizações de defesa do cidadão; em todos os órgãos, instituições, organismos, entidades, empresas - sejam elas públicas, privadas ou da sociedade civil - que se dedicam a defender e também orientar o cidadão na defesa de seus direitos e no cumprimento de seus deveres, em toda e qualquer dimensão da cidadania.
Logo, por eleição, pelo exercício da lei, da ordem, da exigência da própria sociedade cansada de corrupção, desmandos, serviços péssimos de saúde, educação, transporte, segurança e das desigualdades sociais, o povo sem políticos profissionais, sem siglas partidárias, assumirá a direção desses organismos que hoje, ao invés de servirem ao cidadão, se prestam às vontades e às ordens do governo e sua pandilha de sevandijas.
O caminho é longo, árduo, difícil, mas não é impossível. E se for impossível de ser alcançado, a gente vai tentar e vai alcançar. Vai dar vida decente e gestão séria e honesta a Defensorias públicas;
Ministérios públicos; Comissões dentro das Assembleias Legislativas e do Senado Federal; Juizados especiais; Procon; Ouvidorias e similares.
Vai chegar lá, nas ONGs e OSCIPs diversas; em Associações, Sindicatos, Federações, Institutos, Consultorias; Grupos de interesse específico; Grêmios e, quem sabe até, nos partidos políticos - para lavar e enxugar o que há de sujo e putrefato em cada sigla.
É a revolução moral que vai, a pouco e pouco, assumindo o seu papel de protagonista nessa História do Brasil da Silva que precisa perder o infame sobrenome.
Vem aí, leve o tempo que levar, pela paz e pela honradez, o Brasil de novo. A utopia é possível. Simples assim. Vem aí o Brasil de novo. Brasil, simplesmente... Brasil.